bem vindos ao segundo post do Sim! Viajando com cães! do Sun with Style. Espero que o post da semana passada tenha dispertado a curiosidade de como transformar sua viagem com seu cão uma aventura agradável e inesquecível, porque hoje vamos abordar um assunto muito importante e fundamental para todo viajante com cão: Liderança de Matilha.
Liderança de Matilha
Sabrina A.
Liderança de matilha
Sim! Viajando com cães! II
Olá a todos,
Lembram da frase “Respeite o ambiente e as necessidades de seu cão”, do nosso primeiro post da coluna? Pois é, hoje explicarei o que quis dizer com essa frase e a liderança de matilha faz parte do processo.
Sei que muitos esperam pelas dicas de organização e planejamento da viagem. Garanto a todos que isso está por vir, mas antes precisamos saber se os requisitos básicos para a viagem estão disponíveis e, mais do que a escolha do local de sua viagem, estamos falando do comunicação entre espécies ( humano x cão ).
Humano x cão um relacionamento conectado pela liderança de matilha
Como sabemos, o ser humano é uma espécie diferente de um cão. Portanto tem características físicas, psíquicas e sociais diferentes.
Um cão se desenvolve de forma diferente que um ser humano, não só no período gestacional ( humano = 268 dias; cão = 58 a 68 dias ) como no pós parto.
Diferente de um recém-nascido humano um cão não nasce com todos os sentidos. É isso mesmo, um recém-nascido nasce com todos os sentidos e estes vão sendo apurados com o passar do tempo. Já um cãozinho só nasce com o olfato, seus olhinhos e ouvidos vêm fechados. Eles se abrirão a partir da segunda semana de vida e não estarão apurados. Assim como nos humanos, precisarão de tempo para se “aprimorar”.

Fica claro que a orientação canina é olfativa e a de um ser-humano já é bem mais complexa. E isso nos leva as primeiras diferenças em comportamento. Um cão cheira tudo para entender o seu ambiente, o ser humano não sai cheirando as coisas… na verdade ele usa a visão para entender o ambiente em que está.
Podemos concluir que os cães se sociabilizam de forma diferente. Isso significa que eles tem uma interação com outros indivíduos diferente da nossa e o entendimento disso é importante para a comunicação entre ser humano e cão.
Para deixar as coisas mais claras, vou contar uma história vivida por um casal de amigos meus.
Uma festa de fim de ano que virou festa de Helloween
Os nomes da história abaixo são fictícios
Maria e João, casados há 15 anos, se alegravam com a idéia de ir ao parque da cidade com Pedrinho, filho de 5 anos de idade, e Rex , um cão de 8 anos, para ver os fogos de artifício na virada do ano.
Maria e João, pessoas muito ocupadas, trabalham muito e por isso passam boa parte do dia no escritório enquanto Pedrinho vai à escola e Rex fica em casa.
Neste dia, pegaram a cesta de picnic, a guia flex do Rex, algumas mudas de roupa para o pequeno Pedrinho e foram ao parque aproveitar o dia em família.
O parque, como esperado, estava cheio e achar um lugar não foi fácil, mas como a vontade era tanta, deu-se um jeito. Rex, inquieto, tremia, mas se “acalmou” ao encontrar um abrigo em baixo do banco de João.
A tarde correu sem maiores problemas. Pedrinho já fizera amigos e corria entre as cestas e mesas no parque brincando. Maria e João curtiam um ao outro sem tirar os olhos do filho, e Rex … ficava ali embaixo do banco esperando cair comida.
Chegou então a hora tão esperada, a contagem regressiva se iniciava o entusiasmo era palpável no ar, e logo em seguida veio o estrondo, cores, muitas cores, no céu pontilhado de estrelas brancas. João, segurando Pedrinho no colo, Maria abraçando João e todos curtindo os minutos em família, juntos… já Rex… esse não começou bem o ano…
Transformando alegria em loucura!
Já na contagem regressiva, Rex sente o movimento, a gritaria, treme, pede socorro ao dono que só está a olhar o céu. Resolve então manter sua posição embaixo do banco, mas o barulho só aumenta. Num ato desesperado, morde a perna de algum passante, sai correndo com sua guia flex ,enrolando em tudo pela frente, morde mais alguns pelo caminho. João percebe tardiamente o que Rex está fazendo e sai gritando atrás na esperança que ele pare… claro, em vão. Quando tudo fica tranquilo e João consegue pegar Rex, coloca toda a família em fuga no carro e volta para casa, não prestando socorro a ninguém.
Alguns detalhes pós-ocorrido...
Antes de iniciar uma longa discussão, gostaria de apontar alguns fatos importantes. O primeiro passante mordido por Rex era uma criança de 4 anos de idade e seus pais desesperados com o ocorrido. Prestaram socorro e não puderam verificar se Rex estava com sua vacinação em dia. Como João e Maria não se manifestaram para o socorro ou suporte pós ocorrido, o tratamento dado a esta criança será provavelmente mais dolorida do que o necessário (vacina anti-rábica etc.).
O pai dessa criança, indignado com a situação, postou em rede social seus sentimentos e as respostas ao post foram variadas, mas em sua maioria, os comentaristas diziam que lugar de cachorro não é em parque e sim em casa, porque ele é um ANIMAL e portanto sua reação é imprevisível.
Análise da situação...
João e Maria não são líderes de matilha. E isso fica claro. A situação é extrema, mas isso poderia ocorrer em qualquer lugar em que Rex se sentisse amedrontado: em um restaurante, em um shopping, em uma loja etc.. Não porque Rex é um ANIMAL – Seres-humanos também são animais – mas sim porque a comunicação entre espécies não funcionou. Rex não teve a liderança necessária para se manter calmo.
Então vamos agora voltar ao que realmente interessa nesse post…
Voltando ao tema...
Antes de iniciarmos a nossa aventura viajando com nossos cães, precisamos ter certeza que nossa comunicação entre espécies é eficaz. Por sermos diferentes, nos comunicamos e nos sociabilizamos de forma diferente.
Afinal de contas o que é uma sociedade? De acordo com o Google:

Como podemos ver, uma sociedade pode ser composta de outros seres que não humanos. Poderíamos falar então de uma sociedade canina para cães, certo?! Para simplificarmos tudo, usaremos matilha para descrever a sociedade canina.
Uma matilha se comporta de forma diferente de uma sociedade humana. Um cão é responsável por todos os seus indivíduos e corrige-os quando necessário, evitando assim determinadas situações que possam provocar uma desarmonia e/ou colocar o grupo em risco ( mais em o livro: O encantador de cães – Cesar Millan ).
Um cão sem liderança em um ambiente estressante dá mordidas de aviso a quem “invade” o seu espaço, demostrando assim sua insegurança. Tal comportamento em uma matilha é inaceitável e o papel do líder é ser assertivo na correção para que o indivíduo seja assegurado que não há perigo, evitando assim tumulto ou ataques desnecessários.
Numa sociedade humana, onde o ser humano conhece as regras, os perigos e limitações, ele precisa ser o líder de uma fámilia com cães. A liderança evita que o cão se machuque ( ex: ser atropelado por não saber atravessar a rua ), não machuque outros ( ex: história acima ) ou danifique o ambiente onde se encontra. Assim como pais são responsáveis pelas ações dos filhos, donos de cães são responsáveis por suas ações. Portanto volto a frase do início desse post: “respeite o ambiente e as necessidades de seu cão”. Assim evitamos proibições desnecessárias ( ex: levar seu melhor amigo em viagens ).
Para finalizar este post...
gostaria de saber de vocês, meus caros leitores, se já vivenciaram coisas semelhantes e como vocês evitam esse tipo de situação em lugares públicos?
Espero vocês na semana que vem! Tenham uma excelente semana!